O alto preço da perfeição Parte 3
O alto preço da perfeição



Ué, já vai começar a aula de Português e nada da Kim. Essa brincadeira de esconder está indo longe demais.
Oi. Pode me dar licença? Preciso me sentar antes que a professora entre.


Que susto! Aonde você se meteu? Procurei por todo lado e nada.
Na verdade, encontrei um cantinho embaixo da escada e fiquei quieta por uns minutos. Aproveitei para forrar meu colo com um guardanapo e tentar comer meu lanche com um mínimo de dignidade.


Que esconderijo maneiro. Não conhecia. Você é boa mesmo em se confundir com o ambiente. E ficou lá até agora?
Não. Logo em seguida a Diretora me viu. Ficou com pena de me encontrar comendo sozinha no escuro e me convidou para tomar um chá no Gabinete dela.


Tá vendo como foi bom ficar sem recreio na semana passada? Agora virou amiga da chefona da escola. E ainda ganhou de mim no pique-esconde. Eu estava certa: você é um talento inexplorado.
Não consigo ver as coisas dessa forma. Para mim, bastou inovar na hora do recreio para ser descoberta numa fração de segundos, conduzida à sala da Direção, ficar sem comer e quase me atrasar para a aula.


Modéstia sua. Você arrasou hoje. Está de parabéns. Só me decepcionou numa coisa.
Em quê?


Está na hora de voltar para casa e seus trajes ainda estão intactos, seu cabelo pronto para ir a um casamento, as meias alvas como a neve do alto do Himalaia e os sapatos brilhando de doer os olhos. Mas nada que eu não consiga resolver no parquinho de areia na saída. Não desistirei assim tão facilmente. Aguarde e confie.